Luiz Dalla Costa, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que participou de uma live conjunta com ldieranças do MPA na última semana, destaca que “hoje, no Brasil, apesar da má distribuição da terra, são milhões de pequenos agricultores e pequenas agricultoras que são responsáveis pela maior parte da produção de alimentos”, relembrando pesquisas que apontam que 70% do alimento que de fato chega à mesa do povo é fruto da produção da agricultura familiar e camponesa. “Para criar agora um Plano Safra Emergencial, nesse momento de pandemia mundial, em que se pode gerar uma crise de abastecimento de alimentos à população urbana, principalmente nos grandes centros, é fundamental uma ação articulada e organizada a partir daqueles que de fato trabalham e produzem alimentos nesse país, por isso entendemos que é justo reivindicar junto às autoridades os recursos necessários para a produção desses alimentos e a viabilização dos canais de distribuição para que cheguem até todas as famílias do meio urbano”, completou.
Razões e justificativas
Instrumentos e orçamento
No documento trazido à público pelo MPA, 16 pontos específicos convertem-se em instrumentos para a consolidação do Plano Safra Emergencial para a produção de alimentos e evocam o orçamento citado, na casa dos R$ 50 bilhões para a aplicação em 14 meses (de maio de 2020 a julho de 2021). A constar: Fomento direto à produção; Crédito para Custeio e Investimento; Financiamento e crédito especial para as Cooperativas e Associações da agricultura camponesa familiar; Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE); projetos de assistência técnica (ATER/ATES); programa de ocnstrução de cisternas para armazenamento de água; programa habitacional Minha Casa Minha Vida Rural; retomada do subsídio para fornecimento de Energia Elétrica no Campo; Securitização do Plano Safra pelo Tesouro Nacional; Moratória por 3 anos de todas as dívidas dos agricultores e das cooperativas da agricultura camponesa familiar; Simplificação da legislação sanitária e das regras sanitárias para garantir o abastecimento; Garantir valor percentual para assistência técnica e para custos da liberação de crédito para as Cooperativas, Associações e Organizações da Sociedade Civil; Retomada imediata do SISAN, com a volta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA); Retomar a criação do Ministério específico que trate da produção de alimentos dos povos do campo, das águas e das florestas e das necessárias condições para isso; Retomar o programa PAA/Sementes e garantir a compra e distribuição das Sementes Crioulas nos Territórios.
Ações prioritárias nos Estados e Municípios:
A agricultura camponesa requer aos Estados e Municípios envolvimento e participação no Plano Safra Emergencial para a produção e abastecimento de alimentos com ações pontuais, entre as quais: Decretar Situação de Calamidade Pública, garantindo assim a operação sem o mesmo rigor burocrático para a compra de alimentos e medicamentos; Decreto que autorize uso de recursos da merenda escolar para a aquisição de alimentos da agricultura familiar camponesa para populações vulneráveis; Dispor de Logística (equipamentos e transporte) para a realização das Feiras Populares de Alimentos; Dispor de Combustível para os equipamentos das associações e cooperativas que se colocarem a serviço das comunidades (tratores, moto forrageiras etc); Disponibilizar nos locais, que a rede permitir, acesso gratuito à internet às famílias camponesas, cooperativas, associações de consumo e venda de alimentos; Estruturar Feiras Populares de Alimentos – as feiras terão a função de dinamizar a economia e assegurar o acesso do alimento à população local, obedecendo o distanciamento mínimo entre as barracas e entre as pessoas; Fornecimento de Cestas Básicas à população das favelas/bairros populares atingidas, diretamente, pelas políticas de contenção, sendo os alimentos adquiridos através do PAA; Criar canal direto Produtores/as X Consu-midor/a – Construir canais diretos e de circuito curto entre quem produz e quem consome. Utilizar as redes sociais e outros mecanismos de comunicação e estruturar redes que possibilitem aos/as consumidores/as, listando os produtos e contatos de quem produz, construindo estrutura logística para entregas residenciais; Estruturar os Equipamentos de Segurança Alimentar nos municípios, mantendo em funcionamento restaurantes populares, bancos de alimentos e outros equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional adequando rotinas e protocolos para garantir a segurança dos/as trabalhadores/as e consumidores/as; Atenção Especial à População em Situação de Rua, com política de acolhimento/abrigo e alimentação adquirida diretamente das famílias camponesas.