Foto Blog Geder Barbosa: Inauguração da UTI Neonatal
joice.bacelo@zerohora.com.br
Depois de mais de 30 dias de
aparelhos desligados, a UTI Neonatal de Canguçu poderá ser recuperada. A
direção do Hospital de Caridade estuda a possibilidade de uma gestão
compartilhada com o governo do Estado, pelo menos na etapa de reestruturação da
equipe médica.
De acordo com o secretário
estadual de Saúde, Ciro Simoni, foi feita uma proposta de avaliação de contas.
A ideia é, em caso de déficit durante o processo de contratação de
profissionais, obter estímulos financeiros.
A UTI Neonatal de Canguçu tem 10
vagas, todas credenciadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
— Os hospitais não podem ter
prejuízos, por isso nos colocamos à disposição para abrir as contas e fazer uma
avaliação. Queremos que volte a funcionar — declara Simoni.
No final de fevereiro, quando a
unidade foi interditada pela Secretaria de Saúde, a UTI começou a funcionar com
dois médicos e, depois de algum tempo, contava com quatro.
O número exigido pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de oito médicos para atender 10
leitos. A direção da entidade alegou uma baixa oferta de pediatras no mercado.
O hospital, que pagava R$ 1,5 mil
por 24 horas de plantão médico, pretende oferecer R$ 2,5 mil quando a UTI
reabrir. Em caso de contratação com carteira de trabalho, a quantia paga pela
mão de obra, de acordo com o chefe da UTI Neonatal, Benhur Batista, aumentaria
cerca de R$ 80 mil na folha de pagamento. O valor atrairia especialistas, mas
traria um déficit, já que o SUS paga R$ 485 por paciente.
Morte de bebês sob investigação
Nos três meses em que a UTI
Neonatal de Canguçu funcionou, morreram 12 dos 45 recém-nascidos que receberam
atendimento no local, número seis vezes maior do que a média em outras unidades
do gênero no Estado.
De acordo com as primeiras
conclusões da apuração feita pelo governo do Estado, não houve epidemia na UTI,
os bebês morreram de causas diferentes. A suspeita das autoridades é de que as
mortes tenham ocorrido em razão da falta de especialistas habilitados.
O Conselho Regional de Medicina
(Cremers) abriu sindicância para investigar se houve erro ou negligência
médica. Conforme o presidente da entidade, Rogério Wolf de Aguiar, o processo
está em fase de análise dos depoimentos médicos e dos prontuários das mortes
dos bebês. Ainda não há uma resposta para o caso, nem previsão de conclusão da
sindicância.
Em Canguçu, é o Ministério
Público que investiga os motivos do fechamento da UTI Neonatal. Um inquérito
foi instaurado pela promotora Camile Balzano de Mattos.
Estão sendo apuradas as condições
médico-sanitárias, higiene, espaço físico, material e equipamentos utilizados,
tecnologia para diagnóstico e tratamento, além da performance da equipe de
assistência médica e enfermagem e sua qualificação.