No momento que estou escrevendo esse post, já me encontro em
casa, recuperando-me da operação e aprendendo a conviver com uma sonda já que não
posso urinar diretamente como de costume devido ao processo operatório, ficarei
com a mesma até o dia 19 de setembro, me argumentou o médico que se faz
necessário para a não obstrução do canal urinário, portanto o jeito é conviver
com a minha nova “bolsa” um adereço necessário e importante na minha
recuperação. Falando em operação a minha se deu no dia 10/09 inicialmente
marcada para as 07:30 da manhã mas que só foi realizada as 11:00 horas, antes
me colocaram numa maca e fiquei aguardando sozinho num corredor até ser
colocado no bloco cirúrgico, nessa espera de certa forma angustiante mil coisas
passam pela cabeça a respeito da operação e do pós operatório, quando então me
transferiram até o bloco e me submeteram a anestesia me acordando somente no
término da cirurgia quando então fui deslocado para a sala de recuperação e até
então sem dor nenhuma as mesmas começaram depois quando estava já no quarto 213
A, mas nada que os analgésicos e algumas doses de morfina não as combatessem. O
mais difícil foi olhar o local da operação e dar de cara com uma nova realidade
peniana, mas melhor assim a vida continua e tenho esperanças de que o meu câncer
terminou ali com a retirada do tumor.
Estive ausente da web, praticamente uma semana desde o dia
que fui hospitalizado 09 de setembro até quando dei alta na sexta feira 13,
nesses quatro dias de internação convivi com mais quatro companheiros de
doenças cancerígenas, todos os homens, cada um com sua história e sofrimento em
decorrência da doença, e ambos com uma coisa em comum a descoberta da doença num estágio avançado,
já que entre nós homens procuramos o
médico quando em muitos casos, só a intervenção cirúrgica poderá resultar em
cura ou no prolongamento da vida tendo que conviver com a doença. Nessa convivência
com os companheiros de quarto, acabamos trocamos experiências sobre nossos
canceres e a aceitar tudo que vem pela frente na busca da cura ficamos
literalmente na mão dos médicos e claro na vontade de Deus e passamos a
perceber o quanto somos frágeis e insignificantes perante a doença, descemos de
nosso pedestal e ficamos a mercê de exames, biópsias, médicos, enfermeiros e
por fim perdemos toda a vergonha principalmente quando somos obrigados a passar
por certos constrangimentos, tipo na hora de fazer os curativos imagine no meu caso, uma enfermeira ter acesso ao que
me sobrou de pênis e com toda a tranquilidade realizar os procedimentos
necessários de troca do curativo e eu ali olhando e assim noutro caso de um
paciente que estava ao meu lado com câncer no reto, nós ainda brincávamos com a
enfermeira a respeito de nossas vergonhas e o jeito era rir da situação e nos conformarmos
afinal era o que tinha que ser feito. Também outra coisa que me marcou foi
relacionada à experiência de conviver mesmo por pouco tempo, com outros
portadores da doença, um câncer de reto, um câncer de mama, um câncer de
garganta e nesse contexto analisar qual o pior câncer ....o meu ou o
deles....vou confessar a vocês eu achava que o meu era pior, mas ali convivendo
com os companheiros de câncer, vendo suas dores e por tudo que estavam
passando, vi que minha situação não era
tão grave assim e de certa forma tinha que agradecer a Deus por ser o meu caso
o câncer menos invasivo e que pode ser considerado curado com a retirada do tumor. Diríamos que o meu
caso é a questão psicológica, pois a partir de agora vou ter que conviver com
um pênis sem glande, urinar sentado e aguardar como será a atividade sexual
doravante, o médico me disse que os corpos cavernosos foram preservados e que,
portanto ainda terei ereção, mas isso agora só com o decorrer do tempo para
ficar sabendo.
Quero aqui agradecer e elogiar o atendimento que recebi dos
funcionários do Hospital Universitário, no setor ambulatorial, no setor da enfermagem, dos
médicos, nutricionistas e psicólogos, todos incansáveis em suas áreas,
questionando, tratando, medicando, analisando e claro todos aprendendo com as
nossas doenças afinal muitos ali são residentes alunos da Universidade Federal
de Pelotas, mas nem por isso de menor qualidade, pelo contrário são muito
atenciosos e solidários e altamente profissionais. Também saliento a qualidade
da alimentação, o capricho com a higienização o atendimento na área
administrativa e a televisão moderna instalada em todos os quartos onde pudemos
nos entreter durante a baixa hospitalar,e
as camas então, modernas e com comandos eletrônicos, isso tudo pelo SUS ou seja
entrei e sai sem que fosse me cobrado um tostão, aqui em nosso hospital tive que
pagar R$ 180,00 para que ali pudesse me submeter a realização da biópsia, só
para fazer um comparativo e concluir que se o nosso SUS fosse bem administrado
teríamos o melhor sistema de saúde do mundo.
Também mais uma vez os meus agradecimentos aos amigos que me
visitaram, que me telefonaram, que me auxiliaram nos deslocamentos, nas orações
e nos desejos de pronto restabelecimento através das redes sociais e de meus familiares,
mãe e irmãos e os familiares de minha esposa Tavana que, aliás me acompanhou na hospitalização e continua
incansável ao meu lado me auxiliando em tudo que preciso nessa fase de
recuperação.
Bom por enquanto era isso.....