sábado, 14 de setembro de 2013

NO HOSPITAL DA FAU



No momento que estou escrevendo esse post, já me encontro em casa, recuperando-me da operação e aprendendo a conviver com uma sonda já que não posso urinar diretamente como de costume devido ao processo operatório, ficarei com a mesma até o dia 19 de setembro, me argumentou o médico que se faz necessário para a não obstrução do canal urinário, portanto o jeito é conviver com a minha nova “bolsa” um adereço necessário e importante na minha recuperação. Falando em operação a minha se deu no dia 10/09 inicialmente marcada para as 07:30 da manhã mas que só foi realizada as 11:00 horas, antes me colocaram numa maca e fiquei aguardando sozinho num corredor até ser colocado no bloco cirúrgico, nessa espera de certa forma angustiante mil coisas passam pela cabeça a respeito da operação e do pós operatório, quando então me transferiram até o bloco e me submeteram a anestesia me acordando somente no término da cirurgia quando então fui deslocado para a sala de recuperação e até então sem dor nenhuma as mesmas começaram depois quando estava já no quarto 213 A, mas nada que os analgésicos e algumas doses de morfina não as combatessem. O mais difícil foi olhar o local da operação e dar de cara com uma nova realidade peniana, mas melhor assim a vida continua e tenho esperanças de que o meu câncer terminou ali com a retirada do tumor.
Estive ausente da web, praticamente uma semana desde o dia que fui hospitalizado 09 de setembro até quando dei alta na sexta feira 13, nesses quatro dias de internação convivi com mais quatro companheiros de doenças cancerígenas, todos os homens, cada um com sua história e sofrimento em decorrência da doença, e ambos com uma coisa em comum  a descoberta da doença num estágio avançado, já que entre nós homens procuramos  o médico quando em muitos casos, só a intervenção cirúrgica poderá resultar em cura ou no prolongamento da vida tendo que conviver com a doença. Nessa convivência com os companheiros de quarto, acabamos trocamos experiências sobre nossos canceres e a aceitar tudo que vem pela frente na busca da cura ficamos literalmente na mão dos médicos e claro na vontade de Deus e passamos a perceber o quanto somos frágeis e insignificantes perante a doença, descemos de nosso pedestal e ficamos a mercê de exames, biópsias, médicos, enfermeiros e por fim perdemos toda a vergonha principalmente quando somos obrigados a passar por certos constrangimentos, tipo na hora de fazer os curativos imagine  no meu caso, uma enfermeira ter acesso ao que me sobrou de pênis e com toda a tranquilidade realizar os procedimentos necessários de troca do curativo e eu ali olhando e assim noutro caso de um paciente que estava ao meu lado com câncer no reto, nós ainda brincávamos com a enfermeira a respeito de nossas vergonhas e o jeito era rir da situação e nos conformarmos afinal era o que tinha que ser feito. Também outra coisa que me marcou foi relacionada à experiência de conviver mesmo por pouco tempo, com outros portadores da doença, um câncer de reto, um câncer de mama, um câncer de garganta e nesse contexto analisar qual o pior câncer ....o meu ou o deles....vou confessar a vocês eu achava que o meu era pior, mas ali convivendo com os companheiros de câncer, vendo suas dores e por tudo que estavam passando,  vi que minha situação não era tão grave assim e de certa forma tinha que agradecer a Deus por ser o meu caso o câncer menos invasivo e que pode ser considerado curado  com a retirada do tumor. Diríamos que o meu caso é a questão psicológica, pois a partir de agora vou ter que conviver com um pênis sem glande, urinar sentado e aguardar como será a atividade sexual doravante, o médico me disse que os corpos cavernosos foram preservados e que, portanto ainda terei ereção, mas isso agora só com o decorrer do tempo para ficar sabendo.
Quero aqui agradecer e elogiar o atendimento que recebi dos funcionários do Hospital Universitário, no setor  ambulatorial, no setor da enfermagem, dos médicos, nutricionistas e psicólogos, todos incansáveis em suas áreas, questionando, tratando, medicando, analisando e claro todos aprendendo com as nossas doenças afinal muitos ali são residentes alunos da Universidade Federal de Pelotas, mas nem por isso de menor qualidade, pelo contrário são muito atenciosos e solidários e altamente profissionais. Também saliento a qualidade da alimentação, o capricho com a higienização o atendimento na área administrativa e a televisão moderna instalada em todos os quartos onde pudemos nos entreter  durante a baixa hospitalar,e as camas então, modernas e com comandos eletrônicos, isso tudo pelo SUS ou seja entrei e sai sem que fosse me cobrado um tostão, aqui em nosso hospital tive que pagar R$ 180,00 para que ali pudesse me submeter a realização da biópsia, só para fazer um comparativo e concluir que se o nosso SUS fosse bem administrado teríamos o melhor sistema de saúde do mundo.
Também mais uma vez os meus agradecimentos aos amigos que me visitaram, que me telefonaram, que me auxiliaram nos deslocamentos, nas orações e nos desejos de pronto restabelecimento através das redes sociais e de meus familiares, mãe e  irmãos e os  familiares de minha esposa Tavana que, aliás  me acompanhou na hospitalização e continua incansável ao meu lado me auxiliando em tudo que preciso nessa fase de recuperação.
Bom por enquanto era isso.....